Será?

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Era domingo. O outono estava mostrando a sua cara. Do lado de fora, um vento gelado trazia nostalgia. Do lado de dentro, o calor dos corpos tentava mostrar que ali havia vida. Uma mistura de sensações consumia a sua cabeça. Eram muitos dias ali, naquela situação, com aqueles pensamentos.

Entre um domingo e uma segunda-feira normal, ela teve crise. O ar começou a faltar. Era asma, ansiedade, ou o vírus? Os pensamentos se transformaram em uma avalanche, um tsunami, uma tragédia natural.

Era difícil conter tudo aquilo. O coração, acelerado e descompassado, registrava a inquietude. A mente, que voava na velocidade da luz, tentava racionalizar. “Calma: respire. É só mais uma crise”.

Ela não conseguia identificar, ou melhor, sentenciar aquilo. Parou. Pensou. “Vou buscar minha bombinha para asma”. Voltou. Deitou-se na cama aquecida. Disse a si mesma: “- não faça isso. Seu corpo não precisa dessa dosagem. Não agora”.

Levantou-se. Bebeu um copo de água. Imaginou como seria morrer com falta de ar, com os pulmões cheios de água, sem conseguir fazer nada. Imaginou que Deus, de alguma forma, traria conforto e levaria a alma, antes mesmo da agonia respiratória. Parou. Pensou de novo. Avaliou tudo aquilo como uma grande bobagem. Uma pequena e brande bobagem que estava afogando os seus pensamentos.

Retornou ao quartou. Acendeu a luz. Incomodou seu animal de estimação que estava no milésimo sono. Olhou para ele, pensou: “queria estar com o sono profundo assim”. Desistiu. Isso não era possível. Começou a ouvir barulhos. Avaliou a possibilidade de estar sendo assaltada. Descartou. Isso não deveria acontecer. Seria muita impiedade divina. anxiety1

Buscou acalento em sua cama. Mas não encontrou. A cabeça estava gélida, os pensamentos inquietos. Seria impossível sobreviver. Ou sobreviveria(mos)? Não havia resposta. Seria necessário esperar. Superar. Aprender (a esperar).