Sobre(viver)

Há horas ela está em frente ao computador, pensando na melhor forma de vomitar toda a dor que a consome. Pensou em tomar remédios e dormir. Quem sabe, ao acordar, tudo esteja em paz.

Primeira tentativa fracassou com sucesso. Um paradoxo irritante. Como ter sucesso ao fracassar? Ela se irrita. Descobre, ainda que de forma ingênua, que nenhum ansiolítico, antidepressivo ou medicação, salvo as letais, são capazes de acalmar uma mente angustiada.

Liga a televisão. Espera a programação carregar. Começa a procurar algo que lhe faça entorpecer. Mais uma tentativa concluída sem sucesso.

O coração mais parece um dia de tempestade. Nublado. Gélido. Melancólico. O rosto, inchado pelas noites mal dormidas e pelo choro incessante, revela a dor que lateja.

Ela não sabe por onde começar a organizar a bagunça da sua vida. Tampouco tem forças para reagir. Sumir parece uma boa opção, mas ela não tem os meios necessários. Olhar para dentro, encarar a ferida, e permitir que ela cicatrize, talvez seja, de fato, a única alternativa.

“Mas isso vai demorar”. Ela pensa.

Vai. E é isso o que mais machuca. A impossibilidade de saber quando a dor terá um fim.

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