Uma volta em torno do sol

Estou prestes a fazer 36 anos. A vida passou de forma tão clichê e ligeira, que me pergunto por onde andei esse tempo todo. Sinto o estômago revirar. Sentimentos nauseantes me provocam a esperança de um bom saldo líquido de vida. Permaneci nesse mundo por 36 anos. Mas quantos, efetivamente, eu vivi?

Ainda me sinto jovem. E isso não é bom. Vejo que ainda sou aquela garotinha mimada, com as feridas do coração abertas, querendo colo. Eu cresci, mas não sei se me tornei adulta. Talvez seja essa complexidade que dificulte a compreensão do grande abismo que separa as definições de ser “adulta” e ser “grande”.

Tenho buscado alternativas de curar essas dores, que ainda sangram. A dor da perda. O medo da morte. A insegurança de viver. A necessidade por aprovação. Minha. Dos outros. Tudo isso é latente. Doloroso. Ardente. Parece uma injeção intravenosa mal aplicada, que adentra às veias e sai substituindo o sangue por ardor. Às vezes parece um antibiótico grande e amargo, que tem dificuldades de escorregar sibilando pela goela.

Olho para o lado, e me sinto só. Uma sensação de que a vida não está dando certo me consome. Fico entristecida. Como uma criança contrariada, quero me virar para o lado e dormir, na esperança de, ao acordar, como em um passe de mágicas, tudo esteja resolvido. Deito. Durmo. Acordo. E lá estão as angustiantes questões da vida batendo à minha porta.

Então eu me pergunto: quantos se tornaram adultos, mas ainda sofrem dores de crianças? Quero, mais uma vez, entender como é a vida de quem não está nesse grupo. No grupo de adultos que não cresceram. Por vezes, acho que estou fora da curva. Abaixo das expectativas da humanidade. Por outras, olho e vejo que estou cumprindo o protocolo, dentro do possível.

 

Deixe um comentário

Nenhum comentário ainda.

Comments RSS TrackBack Identifier URI

Deixe um comentário